Segundo jogo, primeira vitória, o mesmo protagonista. A chave para o primeiro triunfo na fase de grupos do Mundial 2018 estava na cabeça de Cristiano Ronaldo. Em Moscovo frente a Marrocos como em Sochi diante de Espanha, o capitão português marcou aos minuto quatro do desafio, desta feita, sem réplica adversária, mas não por falta de iniciativa da equipa africana. Recorrendo à gíria futebolística, o resultado foi (bem) melhor que a exibição.

Foto: "GETTY/DEAN MOUHTAROPOULOS"

Foto: “GETTY/DEAN MOUHTAROPOULOS”

Fernando Santos promoveu apenas uma alteração no seu 1x4x4x2 em relação à equipa que tinha defrontado Espanha, promovendo a entrada de João Mário para o lugar de Bruno Fernandes, alteração que visava uma maior salvaguarda em termos defensivos pela esquerda.

As equipas ainda se estudavam quando, aos quatro minutos, Cristiano Ronaldo inaugurou o marcador de cabeça, naquele que foi o terceiro golo português na sequência de uma bola parada, neste caso após um cruzamento tirado após uma bola curta num pontapé de canto. Numa altura em que ainda não se verificava nenhuma tendência clara em termos de jogo, a seleção nacional passava para a frente do marcador, à imagem do que tinha acontecido no embate diante de Espanha.

A equipa nacional encostou-se à vantagem madrugadora e teve que lidar com uma reação enérgica da equipa marroquina, muito dinâmica em posse, vertical e com uma postura conforme à necessidade extrema de vencer, uma vez que uma derrota ditaria o adeus a este campeonato do mundo. À semelhança daquilo que já tinha acontecido no jogo frente ao Irão, o conjunto marroquino teve mais bola e ganhou mais duelos a meio-campo que o adversário, beneficiando da parca capacidade portuguesa em termos de jogo aéreo no setor intermediário. No entanto, foi pelas alas que a equipa magrebina conseguiu causar mais desequilíbrios, causando várias dores de cabeça a Cédric numa primeira instância e posteriormente a Raphael Guerreiro. A equipa marroquina, apercebendo-se da vulnerabilidade defensiva da equipa “lusa” pelos corredores, procurou explorar por aí, beneficiando das qualidades de Belhanda e sobretudo Zyiach. O jogador do Ajax gozou de demasiado liberdade para jogar no interior da área portuguesa e se a sua equipa dispusesse de uma referência ofensiva de maior qualidade, as suas ações ofensivas poderiam terminar com maior sucesso.

Muito faltosa nos arredores da própria área, a seleção nacional passou por vários “calafrios” nas bolas paradas, com o central Benatia a assumir-se como “jogador alvo” neste tipo de lances. Rui Patrício foi obrigado a fazer pelo menos uma grande intervenção após bola batida a partir da direita do ataque contrário. Para além do golo, Portugal só criara mais uma oportunidade até então, com Gonçalo Guedes a rematar com o pior pé e permitir a defesa ao guardião contrário.

Dificuldade em jogar com bola

Na segunda parte, a equipa portuguesa recuou e a incapacidade de ter posse era tão notório quanto a superioridade marroquina no meio-campo. Fernando Santos optou por lançar Gélson para o lugar de Bernardo Silva – o jogador do City não esteve particularmente bem -, por volta do minuto 70 colocou Bruno Fernandes no lugar de João Mário e foi já bem perto do fim que lançou Adrien Silva no jogo, este por troca de João Moutinho.

Quem não tivesse acesso ao marcador do jogo, facilmente se aperceberia de quem estava em desvantagem e a precisar de pontuar: a seleção marroquina assumia as despesas e tentava “carregar” na área portuguesa, falhando no capítulo finalização, de tal forma que Benatia rematou pelo menos duas vezes no interior da área mas em nenhuma delas atirou enquadrado com a baliza. De muito sofrimento resultou o primeiro triunfo português neste Mundial 2018, importante na luta pelo apuramento para os “oitavos”.

Irão e Espanha enfrentam-se esta quarta-feira a partir das 19h00, horário de Portugal continental.

Fernando Santos insatisfeito

No final do duelo com Espanha, Fernando Santos tinha atribuído “nota seis” (numa escala de 0 a 10) à exibição portuguesa. Esta quarta-feira, após a vitória frente a Marrocos, reconhecendo a mediania da prestação em termos de jogo, Fernando Santos considerou que, apesar da vitória, “há muita coisa a rever”.