Contado, ninguém acreditaria. É preciso confirmar. Olhar a tabela classificativa e comprovar. Preto no branco. Quem ganhar estará à frente do outro. E como é isto possível?

Sexta-feira, dia 26 de Setembro, ou seja, depois de amanhã, é dia de clássico. Um clássico já um pouco em desuso, é verdade, em virtude dos problemas que têm arredado o Sporting CP dos lugares cimeiros e, por isso, das contas da Liga.

Mas um clássico, mesmo que diferente, por diferentes razões, mesmo pelas razões de qualidade, não deixa de ser um clássico. Mesmo que seja a um dia atípico para um clássico. E assim, na próxima Sexta-feira, há um clássico Lisboa-Porto. Um clássico Sporting CP contra FC Porto.

E este clássico já ganhou uma dimensão que não se esperaria no início da época. Porque o FC Porto era, de longe, a equipa melhor reforçada, assim como o SL Benfica era a equipa mais destruida e, o Sporting CP, em virtude da sua manutenção de plantel e treinador novo, uma incognita que não augurava grandes voos, porque equipa nova e poucos nomes sonantes e poucos recursos.

Primeiro, o FC Porto não é, por enquanto, essa mega-equipa que se apregoava, tal como o SL Benfica não se desfez como se gritava (e, aliás, vai em primeiro lugar na Liga), nem o Sporting CP é uma incognita com os dias (mal) contados.

À sexta jornada da Liga, o super FC Porto e o mediano Sporting CP estão separados por 2 pontos. Esperanças reacendidas e interesse renovado. E este clássico já passou a ser um clássico à moda antiga onde, quem ganhar, estará à frente do outro, e se houver empate, continua tudo em aberto para as duas equipas.

Assim, o que se pode retirar já à priori, do que se tem observado?

Para já, que o Sporting CP tem respondido bem às exigências, e o FC Porto anda enredado em si mesmo. Enquanto uma equipa está a sacudir a tremideira da falta de experiência e da novidade, a outra anda às voltas sobre si própria, para ver se se encontra.

Uma verdade popular que pode ser utilizada aqui: o excesso, como a falta, também pode ser um problema.

Julen Lopetegui ainda não conseguiu estabilizar um onze tipo

Julen Lopetegui ainda não conseguiu estabilizar um onze tipo

O FC Porto de Julen Lopetegui tem tantos bons jogadores que o seu treinador não sabe o que fazer com eles. E então, passa a vida a rodá-los, não deixando criar rotinas, empatia, automatismos, fio de jogo. E como, ainda por cima, o grosso dessa dualidade qualidade/quantidade está no meio-campo, o FC Porto não sabe jogar no campo inteiro de uma baliza a outra, mas tão só entre as laterais, de uma a outra, na exercitação de um modelo de futebol que fez sucesso no FC Barcelona, mas que não é exportável. E tanto assim é que, o FC Porto tem tido massivas posses de bola e, por vezes, não consegue ganhar os jogos. Contra o Boavista foi o que aconteceu. Um excelente toque de bola, com muitos passes e uma massacrante posse de bola, mas uma ineficácia concretizadora. Quando o FC Porto precisou de alterar o seu sistema de jogo, não conseguiu. Andou às voltas de si mesmo à procura de uma saída, sem a encontrar.

Já o Sporting CP apresenta-se com outro problema. Uma equipa mais ou menos bem estruturada, com bons rematadores e até uma boa defesa (quando não comete os erros de palmatória que toda a gente viu), precisava de um pensador. Alguém que pensasse o jogo. Que o visse dentro das quatro linhas, e soubesse onde colocar a bola de forma mais eficaz. Alguém que jogasse e fizesse jogar. E, de um modo quase acidental (sabendo que dizer isto é um pouco maldoso, mas pode sempre perguntar-se porque é que não foi descoberto mais cedo? anda alguém distraído em Alvalade?), o Sporting CP de Marco Silva acabou por descobrir o elemento que lhe faltava, precisamente o número 10, uma ausência que se notava com o apagamento de André Martins, na figura de João Mário, um dos irmãos Eduardo, produto da Academia e que o ano passado esteve emprestado ao Vitória de Setúbal com tão bons resultados, como se pode comprovar por estes seus dois últimos jogos.

Mas este clássico, descoberto [quase] à última hora, tem outros aliciantes.

Desde logo, um pequeno duelo de gigantes entre os 2 argelinos das 2 equipas. Do lado do Sporting CP, o matador Islam Slimani que, se já trazia boas referências do ano anterior, às mãos de Leonardo Jardim, foi a sua participação no Mundial do Brasil que o libertou para as estrelas. De repente, e sem saber muito bem como, o Sporting CP tinha duas pérolas na mão, o central argentino Marcos Rojo, já partido para outras latitudes, e o avançado argelino Islam Slimani. Mas do lado do FC Porto também há um outro argelino, que também fez um grande Mundial, o médio de ataque Yacine Brahimi, que, em boa verdade, e embora já se presentisse, foi no FC Porto que explodiu como se fosse uma supernova. Brahimi, ainda mais que Slimani, é um jogador completo, de futebol bonito e ousado que, sozinho, pode criar resultados e fazer jogos. Assim tenham treinadores que invistam nas suas capacidades, e equipas que os acompanhem.

Marco Silva ganhou novo fôlego com a descoberta de João Mário

Marco Silva ganhou novo fôlego com a descoberta de João Mário

Depois, o facto de o FC Porto, com um novo treinador, ir enfrentar aquele que foi a besta negra do FC Porto da época passada, treinado pelo Paulo Fonseca. Dos 6 pontos em disputa entre o FC Porto e Estoril-Praia que Marco Silva comandava, o FC Porto apenas conquistou… 1. Agora, à frente de um Sporting CP com outras armas, uma outra dimensão, outros objectivos mas também outra pressão, vamos ver o que é que Marco Silva consegue fazer frente a um FC Porto espanholamente renovado.

É precso não esquecer, ainda, que desde 1988 que o Sporting CP não vence o FC Porto em Alvalade em jogos a contar para a Liga. São 16 anos de muita angústia, que podem funcionar como motivador, ou como castrador. Mas 16 anos de derrotas caseiras, é muita derrota. O Sporting CP desejará inverter a tabela dos resultados. O FC Porto desejará manter a tradição. Quem levará a melhor? Uma equipa treinada por um português que se apresenta em campo com mais jogadores portugueses, muitos deles, da formação? Ou uma equipa treinada por um estrangeiro, com jogadores maioritariamente estrangeiros, mas que tem tido a vitória como sina no últimos, bastantes, anos?

Como se tudo isto ainda não fosse suficiente, anda há a aliciante de o árbitro do encontro ser o leiriense Olegário Benquerença. Benquerença já apitou, anteriormente, 4 jogos entre as 2 equipas, com 1 vitória para cada uma delas e 2 empates. Vitória do FC Porto nas Antas, na época de 2003/2004, em jogo da Liga, vitória do Sporting CP no Estádio Nacional, na época de 2007/2008, na final da Taça de Portugal, e empates no Dragão, na época de 2005/2006, a 1 golo, numa meia-final da Taça de Portugal, e em Alvalade, na época de 2013/2014, para a Taça de Liga. Contudo, Olegário não tem tido trabalhos fáceis, nem isentos de erros, em relação aos jogos que tem apitado entre os dois clubes. Vamos ver como tudo corre.

Que clássico virá a ser este?

Boas Apostas!