Em semana de antevisão da Liga espanhola, que este ano adotará o nome de Liga Santander, analisamos o FC Barcelona e mais três equipas da região da Catalunha e da Comunidade Valenciana. O foco, claro está, fica nos blaugrana, onde Luis Enrique terá, finalmente, o seu ano, onde as contratações e o jogo começarão a ter, finalmente, a sua marca de água. De resto, para Espanyol, Valencia e Villarreal, este parece ser um ano de mais dúvidas do que certezas, com todos os três a viverem processos de regeneração.
O primeiro Luis Enrique no Ano 3
Será demasiado estranho imaginar que um treinador precisará de uma terceira época no clube para, finalmente, impor a sua marca no estilo de jogo? Barcelona tem o potencial de ser assim considerado. Até porque, apesar de viver numa progressiva evolução a partir da herança deixada por Pep Guardiola e Tito Villanova, que o ano sob o comando de Gerardo Martino não comprometeu, as dificuldades criadas pela impossibilidade administrativa de inscrever jogadores no verão passado acabaram por adiar as necessidades sentidas por Luis Enrique.
Promete-se, então, mexidas para este ano, ainda que a linha ofensiva composta pela M(essi) – S(uarez) – N(eymar) esteja sob garantia. As alterações começam a fazer-se na zona do meio-campo, onde as chegadas de Denis Suárez e André Gomes prometem nova capacidade de cobertura na intermediária, pensando também, desde já, na saída de Dani Alves e nas novas dinâmicas que se vão criar a partir da faixa lateral direita. Também na linha defensiva a chegada de Umtiti e Digne oferece novas formas de trabalhar o processo defensivo, procurando encontrar equilíbrios que passem, também, por contar com um lateral mais posicional.
Com todas estas variações, a equipa de Barcelona terá, sobretudo, maior capacidade de responder a diferentes situações de jogo, algo que já se entendeu ser preferível para um técnico como Luis Enrique, que aproveita a escola do clube, mas reforça-lhe a identidade com um reconhecimento mais profundo do que foi o FC Barcelona, não se limitando pela presença de Cruyff no clube. É esse o Barcelona que estará em campo esta temporada. Para ganhar, como é óbvio.
Quique Flores na Catalunha
Enorme curiosidade lançada pela chegada de Quique Flores à Catalunha para ser o timoneiro do Espanyol. Depois de um ano em que conquistou boas críticas na Premier League, a sua contratação só pode ser entendida como um esforço para mudar a face de um clube que quase tem sido acusado de não ter ambições à altura dos pergaminhos. Mas desenganem-se quem imagine que voltaremos a ter um Espanyol com garra de Sarriá. Quique Flores é todo o contrário.
O investimento do clube pressente-se nas contratações, que alinham também no que se conhece de Flores. A capacidade criativa de jogadores como Piatti e José António Reyes oferecerão algum perfume a um onze onde Leo Baptistão poderá ter a grande oportunidade da sua carreira. De resto, o guarda-redes Roberto, Javi Fuego ou Martin Demichelis fortalecem uma estrutura defensiva com enorme experiência. Será que, desta revolução, nascerá um candidato à Europa?
Valencia em polvorosa
A cidade está em polvorosa com a atividade que rodeia os seus dois clubes. No FC Valencia, as saídas de vários titulares prometem uma pequena revolução, que continuará a ser assegurada por Pako Ayestarán, depois de, no ano passado, ter garantido resultados aceitáveis depois da saída de Nuno Espírito Santo. Mas enquanto se planeiam mais vendas milionárias – Paco Alcácer poderá estar a caminho do Barcelona -, as compras ainda não atingiram números semelhantes. Nani terá que comprovar que ainda tem algo para mostrar no futebol de clubes, enquanto Mario Suárez oferece experiência e renovação numa zona do terreno que vê sair referências do clube. Álvaro Medrán, no entanto, poderá ser a grande figura do plantel, sempre e quando conseguir comprovar que pode ser consistente a este nível.
Mais confuso é o presente do Villarreal, com a saída de Marcelino Toral já com a época a decorrer e a chegada de Fran Escribá com enorme teste na tentativa de se apurar para a fase de grupos da Liga dos Campeões. O plantel perdeu jogadores relevantes como Alphonse Aréola, Eric Bailly, Samu Garcia ou Denis Suárez, fez um enorme investimento, sobretudo com as aquisições de Roberto Soriano e Nicola Sansone, aposta no reaparecimento de Alexandre Pato mas deixa a dúvida sobre se poderemos confiar que este é o plantel adequado para as ideias que Escribá terá para a sua equipa. Daí que a Comunidade Valenciana, habitualmente território de equipas que estão na primeira linha para o acesso à Liga dos Campeões, corra este ano o risco de não estar presente na luta. Será?
Boas Apostas!