Nick Kyrgios – Andy Murray (US Open)
Por capricho do sorteio um dos dois vai ficar pelo caminho logo na primeira ronda do US Open, o que é uma pequena para quem aprecia boas partidas de ténis. Andy Murray venceu os três confrontos que disputou com o australiano mas nem por isso espera facilidades. O britânico considera Kyrgios um jogador imprevisível, que aparece particularmente bem nos grandes palcos. Nick bem precisa de se entregar a um desafio para deixar as últimas semanas para trás.
Este é o momento de Nick Kyrgios manter a bolinha baixa e se concentrar no ténis. Se tiver aprendido a lição e for capaz de se manter focado não tardará a voltar às boas graças do público. Porque ele é um jogador empolgante, capaz de criar grande empatia com as bancadas. Para alguém que gosta de ser gostado – e Kyrgios gosta – devem ter sido nada fáceis estas duas últimas semanas, criticado por todos. O australiano foi multado em vinte e cinco mil dólares e uma suspensão de vinte e oito dias, pena suspensa durante o próximo meio ano desde que mantenha nesse período um comportamento conforme os regulamentos do circuito ATP.
No Masters 1000 de Montreal, onde sucedeu o incidente com Stan Wawrinka, Nick Kyrgios viria a sair de cena na ronda seguinte, eliminado por John Isner (7-5, 6-3). No torneio seguinte voltou a estar frente a frente com Richard Gasquet e o francês levou a melhor, mais uma vez (6-2, 6-1). Nessa partida o australiano solicitou e foi por duas vezes assistido em court a problemas nas costas e claramente nunca esteve a cem por cento. Mas desde então teve quinze dias para recuperar dessas queixas e pensar na vida. Deve estar ansioso por voltar à competição.
Apesar da sua tenra idade Kyrgios gosta especialmente dos grandes momentos, é neles que se supera. Isso aplica-se à sua prestação em torneios como os do Grand Slam e diante de adversários do topo mundial. Chegou aos quartos de final do primeiro Major da temporada, na sua Austrália natal, só tendo cedido diante de Andy Murray (6-3, 7-6, 6-3). No Roland Garros ficou-se pela terceira ronda, mais uma vez afastado pelo escocês (6-4, 6-2, 6-3) e em Wimbledon resistiu até aos oitavos, onde enfrentou e foi batido por Gasquet (6-2, 6-1).
Na conferência de imprensa de antevisão do encontro Andy Murray pediu paciência para com o seu adversário. Disse e bem que quem nunca fez coisas estúpidas naquela idade que atire a primeira pedra. Também declarou que, na sua opinião, umas atitudes irrefletidas não fazem de Kyrgios má pessoa e que ele há de aprender com a situação e amadurecer.
Esta semana o escocês voltou ao terceiro lugar do ranking, após uma passagem fugaz pela vice-liderança. A ascensão deveu-se à conquista do quarto troféu do ano, no Masters de Montreal, onde bateu Novak Djokovic no jogo do título (6-4, 4-6, 7-6). Na altura Murray dedicou a vitória a Amelie Mauresmo, que tinha sido mãe naquela madrugada. Com a treinadora em licença de maternidade, o britânico segue no circuito acompanhado por Jonas Bjorkman, outra parceria que parece ter funcionado desde o primeiro instante. Em Cincinnati, Andy pareceu algo fatigado, sem a frescura física das semanas anteriores, o que é natural com o acumular de jogos. Foi afastado por Roger Federer, na meia-final (6-4, 7-6).
Agora que teve pouco mais de uma semana para recuperar, é de esperar que Murray volte com as pilhas recarregadas, em busca do seu terceiro título do Grand Slam. Kyrgios é o primeiro obstáculo a anular.
2015 | Roland Garros | Murray | 6 | 6 | 6 | 3R |
Kyrgios | 4 | 2 | 3 | |||
2015 | Open da Austrália | Murray | 6 | 7 | 6 | QF |
Kyrgios | 3 | 6 | 3 | |||
2014 | Masters de Toronto | Murray | 6 | 6 | 2R | |
Kyrgios | 2 | 2 |
O britânico venceu os três confrontos anteriores e dada a forma de ambos, no momento, Murray é claro favorito. Mas Kyrgios já provou ser capaz de bater os melhores – Federer, Wawrinka, Raonic, Nadal encontram-se entre as suas vítimas.