Na vigésima-quinta edição da Premier League russa, começa-se a sentir um aroma de revolução no futebol local, sobretudo pela aproximação da realização do Mundial 2018. Ultrapassada a desorganização dos primeiros anos pós-soviéticos e a excessos dos anos em que o dinheiro parecia ser solução para todos os problemas, a tentativa de enquadrar a competição no calendário do resto da Europa, com a época a realizar-se entre julho e maio, a limitação de estrangeiros e o afinar das estruturas dos clubes promete uma prova de muito equilíbrio. Isto sem que faltem os habituais excessos das administrações dos clubes participantes.

Uma corrida a dois pelo título?

Mauricio Zenit

Mauricio marcou o golo da vitória na Supertaça

O CSKA Moscovo é campeão em título e partirá ligeiramente adiantado em relação à concorrência nesta edição da Premier League russa. O técnico Leonid Slutsky volta a concentrar toda a sua atenção no clube, depois da passagem falhada pela seleção, enquanto para as saídas de Ahmed Musa, vendido ao Leicester, e Shirokov, que abandonou o futebol, chegaram os emprestados Aleksey Ionov e Lacina Traoré, para além do regresso do jovem sueco Carlos Strandberg. Manter o seu onze e as suas dinâmicas são um bom princípio, mas Slutsky terá também que lidar com o envelhecer da sua linha defensiva, algo que poderá vir a demonstrar-se uma fragilidade.

O Zenit vive um momento de grande mudança, com a saída de André Villas-Boas e a chegada de Mircea Lucescu, mas sobretudo com a venda de Hulk, o seu jogador-símbolo das últimas temporadas. O grande objetivo da equipa passará por tentar garantir uma mudança tranquila no sistema de jogo e alguma estabilidade aos seus jogadores, numa fase do ano em que ainda é possível que se registem mais saídas. No entanto, sem Liga dos Campeões, a pressão estará presente no trabalho do técnico romeno, que terá que mostrar melhorias significativas já a abrir. A vitória na Supertaça foi um bom sinal.

Candidatos em mutação

A evolução do FC Krasnodar, que no ano passado terminou em quarto lugar, merece especial nota entre os analistas reunidos pelo site Russian Football News. A equipa adquiriu os passes do guarda-redes Kritsyuk, que pertencia ao Braga, e do experiente Charles Kaboré, confirmando a manutenção das suas forças no ataque ao pódio. Oleg Kononov, o treinador, vê também chegar Marat Izmailov, que caso esteja em boas condições físicas poderá ser um elemento importante para o meio-campo da equipa.

Maxime Lestienne Rubin Kazan

Lestienne promete ser estrela no Rubin Kazan

Quem promete muito maior relevância é o Rubin Kazan, que depois de ter sido o décimo classificado do ano passado, surge agora como um candidato aos lugares europeus. Para o conseguir conta a chegada do técnico espanhol Javi Gracia, depois de boas impressões deixadas no Osasuna e no Málaga, e uma aposta fortíssima no mercado, com a contratação de Rúben Rochina, Samu Garcia e Alex Song, na Liga Espanhola, Maxime Lestienne, jovem promessa belga que atuava no Qatar, Moritz Bauer vindo da Suíça, Carlos Zambrano da Alemanha, Sérgio Sanchez da Grécia, para além de conseguir o jovem Rifat Zhemaletdinov do Lokomotiv Moscovo.

A correr por fora, o Terek Grozny continua a merecer alguma atenção, especialmente ao ver chegar o romeno Gabriel Torje, que pode vir a ser um dos jogadores a carregar a equipa para lugares mais altos, enquanto o FK Rostov deixa algumas dúvidas acerca da sua capacidade para se manter na luta pelo título, depois do segundo lugar do ano passado. Com problemas financeiros e incapazes de manter alguns dos jogadores que faziam parte do plantel, a presença na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, onde empatou em casa com o Anderlecht, já denunciou fragilidades.

O que fazem as equipas de Moscovo?

Depois de um ano traumático para as equipas da capital, com o Dinamo Moscovo a descer à Segunda Liga, deixou de haver equipas que sejam grandes demais para cair na divisão secundária. Por isso mesmo, especial atenção para os conjuntos que, para além do CSKA, têm na capital da Rússia a sua sede.

Zé Luis Spartak

Zé Luís é o homem-golo do Spartak

O Spartak terá em Zé Luís, internacional cabo-verdiano que passou por Portugal, a sua principal referência ofensiva, esperando-se que possa estar entre os melhores marcadores da prova. Dmitri Alenichev teve a possibilidade de escolher os seus reforços, apostando no brasileiro Fernando, do Sampdória, e os russos Zobnin, médio do Dinamo, e Eschenko, lateral do Anzhi, e encontra um contexto ideal para evoluir positivamente.

Já a equipa do Lokomotiv tem estado constantemente abaixo do esperado, mesmo quando consegue fazer algum tipo de investimento no seu plantel, seja para o reforçar, seja para manter jogadores de referência. Até agora, a presença no mercado foi fraca e, por isso mesmo, o Lokomotiv poderá voltar a ficar longe das ambições que representar este emblema costumam criar.

Boas Apostas!