Depois de na noite anterior, a Liga dos Campeões mandar à multidão 9 golos em 2 jogos, equipas mãos-largas, alegria do povo, ontem, a elite que frequenta os quartos-de-final da dita Liga foi mais económica nas suas ofertas e não deu, ao povo, mais que 1 mero golo, suficiente para passar uma das equipas à fase seguinte da prova.

Na primeira noite tinham sido apurados para as meias-finais o Bayern Munique e o FC Barcelona. Ontem juntaram-se-lhes o Real Madrid e a Juventus FC.

O Real Madrid conseguiu, finalmente, levar a melhor sobre o Atletico Madrid. Não sem dificuldade. Aliás, o golo que valeu a eliminatória surgiu ao tombar o gongo. Faltavam 2 minutos para os 90 quando El Chicharito fez o golo que garantiu a passagem à eliminatória seguinte.

A Juventus FC, equipa sem rival em Itália, viu-se e desejou-se para ultrapassar o modesto AS Monaco de Leonardo Jardim que, de patinho feio no início de época, tem vindo, aos poucos, a trilhar um brilhante caminho sob o comando do treinador português. Ontem bateu o pé aos campeões italianos, mas o zero-zero conseguido em casa não foi suficiente para bater a vitória transalpina por 1 a 0, conseguida na semana anterior, em Turim.

Bayern Munique, FC Barcelona, Real Madrid e Juventus FC são assim a elite das meias-finais da Liga dos Campeões. Com promessas de grandes jogos.

Em Madrid

Em Madrid já se estão a banalizar os confrontos entre Real e Atletico, tal a profusão de jogos entre os dois rivais depois da grande final da Liga dos Campeões em Lisboa, onde o Real levou a melhor.

Mas desde esse jogo, tem sido difícil à equipa dos galácticos (sim, ainda o são!), levar de vencida a equipa de Diego Simeone. Seja no Vicente Calderón, seja no Santiago Barnabéu, o equilíbrio tem sido a nota dominante. Mesmo quando é uma equipa, ou a outra, a levar pequena vantagem, no geral, o que sobra é mesmo um equilíbrio feito de respeito pelo trabalho alheio: tanto Diego Simeone com Carlo Ancelotti avançam para os jogos com vontade de ganhar, mas respeitadores do valor adversário.

El Chicharito

El Chicharito, que muitos já acusavam de grande flop, foi quem conseguiu abrir a porta bem cerrada dos colchoneros

E se, na teoria, o Real está mais bem apetrechado que o Atletico, no campo, em confronto, isso não se percebe. Ou não se tem percebido. Ontem foi um desses dias. Equilíbrio a toda a prova, quase até ao final do jogo.

Foi assim que, ao oitavo confronto entre as duas equipas de Madrid, o Real levou a melhor, passando, pela 5ª época consecutiva, às meias-finais da Liga dos Campeões.

Depois de na semana passada terem empatado a zero no Vicente Calderón, muito se especulou sobre algumas baixas na equipa merengue que poderiam colocar a eliminatória em causa, como a de Gareth Bale e Luka Modrić. Mas este Real Madrid não é um ou dois jogadores. Tirando Cristiano Ronaldo, que faz sentir muito a sua falta quando não anda bem, o Real Madrid tem sempre grandes jogadores para colmatar a ausência de outros. Vejamos: o problema era a ausência de Bale e de Modrić. Pois ontem, do meio-campo para a frente, a composição era: James Rodríguez, Sergio Ramos, Toni Kroos, Isco, El Chicharito e Cristiano Ronaldo. Meia equipa de luxo. Não chega?

É verdade que o Atletico também tem os seus argumentos: Turan, Tiago, Saúl Ñíguez, Koke, Antoine Griezmann e Mandzukic.

O equilíbrio então a dominar as duas equipas. Isto, pelo menos, na primeira metade do encontro.

Depois do intervalo, o Real Madrid apareceu muito mais afoito e o Atletico mais disposto a defender o nulo (quereria Simeone ir para as grandes penalidades?). Oblak apareceu em grande forma a projectar grandes defesas numa altura em que o Real Madrid quase que entrava no massacre atacante, perante uma certa apatia colchonera.

Tudo se agravou com a expulsão, por acumulação de amarelos, de Turan. Faltavam ainda 15 minutos para o fim do jogo, e o Real Madrid acercava-se muito da baliza de Oblak que ia fazendo milagre atrás de milagre. Até que, aos 88 minutos, El Chicharito, jogador que não tem sido opção para Carlo Ancelotti, consegue desfazer as grandes defesas de Oblak e colocar a bola dentro da baliza do Atletico, garantindo, a poucos minutos do fim do jogo, a passagem do Real Madrid às meias-finais da Liga dos Campeões.

Mas para uma equipa galáctica, muita economia nos golos. Afinal, a alegria do povo.

Em Monte Carlo

Enquanto em Madrid tudo se mantinha a zero no derby local, em Monte Carlo, no Mónaco, não se passava nada de substancialmente diferente, com a vantagem de a Juventus FC ter trazido, na bagagem, 1 golo de casa.

Buffon

Buffon foi o mais exuberante dos jogadores a comemorar a passagem da vecchia signora às meias-finais

Mas para uma equipa nada-morta desde o início de época, equipa essa que, mal chegou o seu treinador, o português Leonardo jardim, logo perdeu as estrelas James Rodríguez e Radamel Falcao, vivendo da, pouca, prata da casa, e de algumas cedências (Bernardo Silva como uma das mais sonantes), tem sabido percorrer os caminhos por onde é obrigada a transitar.

E a toda poderosa Juventus FC, que já vai a caminho do seu 4º título consecutivo na Série A italiana, não conseguiu muito mais que um nulo no marcador. Para equipa com tantas ambições (e a Juventus FC tem-nas), têm sido demasiado económicos na forma como abordam os jogos, mesmo contra patinhos feios como era o AS Monaco de Leonardo Jardim.

A vecchia signora já não chegava às meias-finais da Liga dos Campeões desde 2003. Pois foi agora, com uma equipa com uma média de idades de 31 anos (velhinha, portanto), disposta a defender a baliza de Buffon a todo o custo, que conseguiu, finalmente, dar o passo necessário para tal façanha para uma elite de jogadores que estão a chegar ao seu ocaso.

Mas esta Juventus FC, que está bem longe de deslumbrar, beneficiou, nas duas eliminatórias do beneplácito da arbitragem. Em Turim, a Juventus FC beneficiou de uma grande penalidade a castigar uma falta cometida fora da área. Ontem, foi-lhe perdoada uma grande penalidade sobre Kondogbia. E se nos lembrarmos do jogo da temporada passada, na Liga Europa, frente ao SL Benfica… Esta Juventus FC tem tido alguma sorte do seu lado.

Embora seja o cinismo italiano que caminha para as meias-finais, o que fica destes dois jogos é uma equipa do AS Monaco que, também sem deslumbrar, acabou por ser muito mais interessante do que seria previsível, o que se pode agradecer ao fantástico trabalho que Leonardo Jardim lá tem executado.

Bayern Munique, FC Barcelona, Real Madrid e Juventus FC vão decidir, entre si, quais as duas equipas que irão à grande final. Que vão as melhores. E que seja um grande espectáculo.

Boas Apostas!