Ao terceiro jogo a Argentina apareceu e lá selou a passagem aos oitavos de final, onde irá defrontar a seleção gaulesa. Uma primeira parte de qualidade, com circulação de bola e o génio de Messi a fazer a diferença. Um segundo tempo mais complicado, em que foi necessária a entrada de Pavón para mexer com o jogo, uma pontinha de sorte e a cabeça improvável de Rojo. O que fica evidente é que o grupo assumiu o comando, sob a inspiração do Messi, e Sampaoli segue a reboque. O sucesso da equipa põe a nu o desastre que tem sido o selecionador.

Argentina diz presente

A Argentina apareceu no jogo. Transfigurada, com três homens – Éver Banega, Enzo Pérez e Javier Mascherano – na linha de meio-campo cuja função era retirar tarefas das costas de Leonel Messi e fazer com que tivesse bola e alguns espaços. A Albiceleste adianta-se no marcador com um golo empolgante da sua maior estrela, isolada pelo passe a rasgar do médio do Sevilla. Messi fez o resto, que passa por conseguir com o esférico aquele efeito de íman, correr e colocá-lo no buraco da agulha.

Messi marca, motiva e manda

Ao intervalo, com Sampaoli já no banco, a equipa reune-se para houvir as palavras de Messi.

Ao intervalo, com Sampaoli já no banco, a equipa reune-se para houvir as palavras de Messi.

A primeira parte foi bastante positiva para os argentinos, até parecia que tinham redescoberto como se joga. A confiança é uma coisa extraordinária e Messi ter aparecido para fazer a diferença foi uma espécie de validação das opções que contagiou todos os jogadores no relvado. O segundo tempo foi mais complicado, começando pelo facto dos nigerianos terem regressado do balneário com as ideias mais claras quanto ao que tinham que fazer. A Argentina baixou um pouco de nível e foi só com as alterações, particularmente com a entrada de Cristian Pavón, que recuperou algum ascendente ofensivo. O jovem extremo do Boca Juniores de vinte e dois anos, um dos nomes mais referidos pelos adeptos para uma oportunidade, mexeu de facto com o jogo. Valeu o golo de Marcos Rojo, de cabeça, nos minutos finais, e a

seleção das Pampas segue em frente no Mundial da Rússia 2018.

Há que reconhecer que houve uma pontinha de sorte, no sentido em que esta costuma proteger os audazes. Primeiro, há a questão do árbitro. Um profissional competente, habituado a jogos complicados, que não se deixa pressionar com facilidade, faz de facto a diferença. O lance de suposta mão de Rojo é priva disso. Depois de ver as imagens, Cuneyt Çakir manteve a sua avaliação de momento. O movimento do defesa é natural, a reflexão da bola é à queima-roupa, portanto não há lugar a falta. Siga. Por muito menos, Cédric foi sancionado.

Sampaoli esvaziado de funções

Imagem do selecionador a parar Messi para o consultar quanto à entrada de Kun Aguero.

Imagem do selecionador a parar Messi para o consultar quanto à entrada de Kun Aguero.

Antes da partida falou-se de que teria havido um motim da equipa ao treinador e que muito provavelmente Jorge Sampaoli teria deixado de tomar decisões. Se é verdade ou não, não sabemos, mas que as evidências apontam para algo do género, é inequívoco. Dificilmente se vê o dedo do selecionador no onze inicial que defrontou a Nigéria, embora ele tenha vindo à conferência de imprensa justificá-lo. Claro que era imperioso fazer alterações significativas depois da derrota com os croatas mas tudo ao mesmo tempo… Acaba-se o esquema de três centrais, manda-se metade do onze para o banco – Caballero, Salvio, Acuña, Meza e Aguero – e faz-se entrar outros tantos.

Isso é dentro do relvado mas na relação entre o selecionador e os jogadores também há coisas estranhas. Sampaoli pareceu sempre isolado e sem autoridade. A saída imediata para o túnel no fim da partida, enquanto os jogadores descarregavam as emoções no relvado é uma imagem que fica. Assim se fortalece o espírito de grupo e o gesto mostra que o selecionador não faz parte do mesmo. E depois há aquele momento confrangedor que hoje os jornais repetem a exaustão: Sampaoli na lateral a perguntar a Messi se deve meter Aguero. Eu sei que é um jogador superlativo mas há algo de muito errado nesta relação entre os dois. A subserviência que também veio, mais uma vez, ao de cima, no rescaldo.

Boas Apostas!