O Sporting retomou o primeiro lugar da Liga NOS, ainda que falte contabilizar o resultado final da visita do FC Porto ao Estoril, algo que acontecerá só lá mais para a frente, neste mês de janeiro. O assalto à liderança culminou numa partida em que o golo surgiu já bem perto do fim, numa jornada em que os minutos finais dos jogos dos três grandes tiveram, todos eles, histórias para contar.

Elas contam é lá dentro

O Sporting entrou em campo já conhecedor dos resultados dos seus rivais, pelo que tinha perfeita noção de que uma vitória o levaria até ao primeiro lugar. No entanto, como tem sido regra ao longo desta temporada, a equipa leonina tem tido imensas dificuldades para estabelecer o domínio nos jogos, demonstrando lacunas de organização ofensiva. Essas lacunas agravam-se com a retirada de Bruno Fernandes de um espaço de decisão, algo que só veio piorar com a lesão de Gelson Martins. No caminho que Bruno e Gelson já tinham encontrado para equilibrar as suas movimentações, Rúben Ribeiro não teve ainda o tempo para o entender, pelo que, na primeira parte, o Sporting teve muita bola, mas quase sempre longe da área, e sem criar uma única oportunidade de grande perigo.

golo Sporting

A festa do golo teve marca de Mathieu

O Vitória de Guimarães, por sua vez, viajou até Alvalade com objetivos mínimos. As poucas situações de perigo que criou nasceram, quase sempre, da ação de Raphinha, com a equipa a recuar progressivamente no terreno para tentar criar um bloco que impedisse o Sporting de chegar ao golo. Na segunda parte, já sem Bas Dost e Rúben Ribeiro para ter em campo Doumbia e Montero, as dificuldades do Sporting modificaram-se, mas continuaram. Sem ter em campo o seu melhor cabeceador na segunda parte, o Sporting somou 39 cruzamentos para a área adversária, quando a sua média está nos 24. Nos lances capitais surgidos da parte do ataque leonino, apenas a oportunidade de Doumbia, no início do segundo tempo, nasce de uma combinação entre jogadores no corredor central, com as outras duas (oportunidade de Bruno César e golo de Mathieu) a nascerem de cruzamentos, à qual se junta um remate acrobático de Acuña para uma grande defesa de Douglas.

Aquilo que o Sporting faz em jogo, e, sobretudo, como o faz, é um sinal claro de preocupação para Jorge Jesus, e não me parece que tenha nada que ver com cinismo. Ainda assim, tem sido uma vertente mais física do jogo, com a colocação de muita gente na área e a forçar o recuo dos adversários, que tem valido, quer a Sporting, quer a FC Porto. A ideia de que “elas contam é lá dentro” está mais certeira do que nunca, nos seus encantos e nas suas limitações.

Os empates

Um FC Porto e um Benfica sem capacidade criativa deixaram pontos no Restelo e em Moreira de Cónegos. O Benfica foi surpreendido por um Belenenses em evolução, com Jorge Silas a pedir mais capacidade com bola à sua equipa, ao mesmo tempo que exerceu, em diferentes períodos do jogo, pressão intensa no meio-campo do adversário. Este subir das linhas dos azuis criaram problemas ao Benfica, que mantém dificuldades no trio do meio-campo, exacerbadas com a ausência de Krovinovic. Valeu-lhe Jonas, num livre direto, a estabelecer o empate em cima do apito final do jogo.

Para os azuis, Moreira de Cónegos é território assombrado. A equipa voltou a ter dificuldades num terreno de dimensões reduzidas, agravadas por uma partida menos vibrante de Brahimi, que chegou muito tarde à partida. Sérgio Conceição procurou modificar a abordagem durante o encontro, ora metendo mais dimensão física na área, ora tentando melhorar a capacidade de passe a partir do meio-campo, mas as opções acabaram por não resultar, com a melhor oportunidade a terminar anulada por um fora-de-jogo de Waris. Precisa, assim, o FC Porto, de acertar as contas com o calendário, de forma a sublinhar a sua candidatura à liderança. As próximas jornadas acabarão, também, por ser fundamentais para entender os pontos de evolução de cada conjunto.