Sarri não é o primeiro a assumir um Chelsea em alvoroço mas é o primeiro a dizer que quer uma equipa que se diverte a jogar futebol. Isso é uma mudança e tanto no perfil de recrutamento dos treinadores de Stamford Bridge. Mas chegou tarde, a direção fechou os cordões à bolsa e ainda tem quase tudo por definir no plantel. Não será uma época fácil para o Chelsea mas vai ser divertido de acompanhar.

Treinador atípico

Maurizio Sarri tem uma tarefa complicada pela frente.

Maurizio Sarri tem uma tarefa complicada pela frente.

Quando chegou ao Nápoles, Maurizio Sarri avisou o presidente que iria perder os primeiros sete jogos mas que depois os resultados iam aparecer. De Laurentis começou por rir, depois ficou preocupado mas eventualmente a equipa começou a evidenciar as marcas do treinador e foram duas temporadas de grande sucesso. Guardiola teceu louvores à formação que defrontou no ano passado nas competições europeias e ver o Nápoles jogar era realmente entusiasmante.

Mas Sarri é um treinador atípico – chegou tarde à profissão – e é a escolha atípica para Roman Abramovich. Até agora, à exceção de um ou outro que assumiu o cargo em fases de transição, a preferência do dono do Chelsea foi para treinadores de topo que tinham acumulado troféus. Vencedores, para híper simplificar. De José Mourinho a Antonio Conte, passando por Carlo Ancelotti, os estilos mudavam mas a mentalidade era focada em vencer títulos. Tudo o resto vinha depois. Este italiano é diferente. Primeiro porque não os tem no currículo. Segundo, porque privilegia um futebol apelativo, que agrade a quem vê mas que sobretudo divirta quem o pratica.

Do ponto de vista do negócio, alguém há de ter convencido o magnata russo que o espetáculo vende. E que se os bolsos estão mais vazios há que rentabilizar os recursos da formação. Resta saber quanto jogo a perder Abramovich aguenta antes de tentar reformular tudo.

Belgas de saída?

Sarri chegou tarde, também porque a situação de Conte ainda não estava resolvida. O sistema de jogo (4-3-3) reverteu para uma defesa a quatro e nos treinos os jogadores parecem recetivos às maiores liberdades que o novo técnico lhes dá, até por oposição às imposições do italiano anterior. Mas leva o seu tempo. O treinador já disse que tem toda a intensão de aproveitar os jogadores que tem e desenvolver os jovens talentos. Callum Hudson-Odoi, Ethan Ampadu, e Charlie Musonda vão tendo as suas oportunidades. Luftus-Cheek e Tammy Abraham regressaram à base depois de empréstimos em equipas da Premier League. Mas, considerando a oposição que enfrentam no campeonato, será suficiente para o Chelsea lutar para regressar ao top-4, o lugar que dá acesso à Liga dos Campeões?

Improvável, sobretudo se considerarmos que ainda há fortes possibilidades de perder as maiores figuras. Eden Hazard tinha dito no Mundial que queria abraçar novos desafios. O compatriota Courtois, pela voz do empresário, pediu ao clube que não criassem entraves à sua ida para o Real Madrid, onde os dois ainda se podem reunir. E Willian também parece estar perto da porta de saída. E pelos valores de que se fala a direção do clube não deve resistir com veemência.

Jorginho e quem mais?

Chelsea_JorginhoDo ponto de vista dos reforços, Jorginho é o nome em destaque. O médio, que já tinha sido treinado por Sarri em Itália, preferiu juntar-se ao treinador do que ir para o Etihad, onde seria uma alternativa a Fernandinho. Tem tudo para formar uma dupla de luxo com Kanté mas o meio-campo dos Blues fica curto de construção e criatividade. Ross Barkley terá que estar à altura das maiores expectativas e Fàbregas já não é nenhum menino para carregar a equipa às costas. Bakayoko, uma aposta de Conte que nunca vingou, parece ter perdido por completo espaço no onze, talvez mesmo no plantel.

No ataque também há questões a clarificar. Álvaro Morata continua sem convencer os adeptos, Giroud é um suplente capaz mas falta um homem golo. Que também não será Batshuayi.

Boas Apostas!