O Clássico, finalmente. Em Espanha há pelo menos duas semanas que não se fala nem escreve sobre outra coisa. Metade do gozo de um jogo destes é a antecipação. Cada lado tem o seu baú das memórias seletivas. Recordam-se épocas de ouro, ouvem-se os ex-jogadores, contabilizam-se as vitórias. Depois vêm as picardias, começa-se a provocar o rival, pressiona-se a equipa de arbitragem. E quando as 20 horas de Domingo chegarem, milhares de pessoas, em todos os fusos horários, vão parar e partilhar um momento. Mais concretamente, duas horas de espetáculo, num acontecimento verdadeiramente global. E, claro, Ronaldo e Messi a fazer história.

A deixar marca(s)

Com mais dois tentos marcados ao Schalke 04 Cristiano Ronaldo atingiu a marca dos 243 tiros certeiros com a camisola do Real Madrid, superando assim o mítico Puskas no lugar de quarto melhor marcador de sempre ao serviço dos Merengues. Mas de certeza que ele já está com os olhos postos no recorde de Raúl ou, melhor, para além dele. Com os 13 que já leva na Liga dos Campeões igualou a sua melhor marca pessoal e está a um do recorde de Leo Messi. Com alguma piada, n’A Bola chamam-lhe Bota de Ouro e de Madeira. É que além dos 41 que foram parar ao fundo das redes Ronaldo ainda acertou 12 vezes no poste. O português vive de tal forma o futebol que parece recuperar melhor dentro de campo. Para ele jogar duas vezes por semana não é um problema, o drama é ficar de fora e perder a embalagem. Não é por acaso que, todas as temporadas, ele encabeça a lista de jogadores de campo do Real com mais minutos. E se, esta época, isso não acontece, é porque teve de cumprir três jogos de castigo. Como se viu frente ao Schalke, numa partida mais que decidida, ele não desliga nem se poupa. Em cada lance de golo desperdiçado é visível a frustração. A razão é simples: Cristiano Ronaldo está a trabalhar para a posteridade.

Assim como Messi, nisso são exatamente iguais. Em tudo o resto diferentes. Carlos Alonso “Santillana”, em entrevista ao Mundo Deportivo resume a coisa desta forma: “Cristiano fisicamente é um animal, um jogador portentoso”, “Messi faz coisas que mais ninguém faz”. Podem criar as rivalidades que quiserem, estes dois correm sozinhos, superam-se a si mesmos. Problemas físicos afastaram o génio argentino dos relvados durante uma boa parte da época mas agora parece estar a regressar à forma habitual. O Barcelona de hoje pode não ser o melhor que já vimos mas basta Leo entrar em campo, começar a soltar-se, e a magia acontece.

As despedidas e os ausentes

Carles Puyol Barcelona

Carles Puyol em época de despedida

Este será um Clássico de despedidas, pelo menos para dois históricos do Barça. Aos 35 anos, o Capitão Carles Puyol, essa peça basilar do melhor Barcelona de sempre, anunciou que deixa de fazer parte do plantel Blaugrana no final da temporada. Vindo das camadas jovens, Puyol fez toda a carreira no Barcelona, só na equipa sénior foram quinze anos, dez deles com a braçadeira de Capitão. Todos eles de entrega absoluta. Também Victor Valdés jogará pela última vez diante do arqui-rival Real Madrid já que vai deixar o Barcelona no final da época. Há muito que se tornou o guarda-redes que mais Clássicos disputou com a camisola dos catalães: foram 27 em 11 anos, em todas as competições. Ainda não sabemos o que o futuro lhe reserva mas há dias o L’ Equipe dava-o como reforço do Manchester City. Certo é que não faltam interessados, entre outros clubes de topo fala-se de Liverpool e Mónaco.

Do lado Merengue há duas ausências marcantes, as lesões sérias abalam sempre o grupo. Jesé Rodriguez foi operado esta semana em Augsburg, na Alemanha, para reparar o ligamento cruzado anterior e do menisco do joelho direito. O choque com Kolasinac e a expressão de dor do avançado do Real gelaram por momentos o Bernabéu, numa noite que devia ser de celebração. Segundo A Marca, Arbeloa trabalha oito horas por dia na tentativa de acelerar a recuperação de uma fissura na rótula direita, uma tentativa desesperada de seguir na comitiva espanhola para o Brasil.

Boas Apostas!