Portugal aprende pela negativa
Escrito por Justa Barbosa 27 Março 2018
Uma vitória com um bis de Cristiano Ronaldo nos descontos e a derrota mais pesada alguma vez sofrida frente à Holanda é o saldo de resultados da dupla jornada de amigáveis da Seleção Portuguesa. Soam os alarmes, cai o Carmo e a Trindade, é Portugal no seu melhor. O selecionador precisava de testar alternativas a Danilo, Pepe e William Carvalho. Parece que não as temos. Não é nada que já não soubéssemos, pois não?
Cristiano Ronaldo sempre

Foi braças ao bis de Cristiano Ronaldo que Portugal conseguiu a reviravolta frente ao Egito.
Em Zurique ficou mais uma vez evidente a figura ímpar que é Cristiano Ronaldo, não só para a Seleção Portuguesa mas para o desporto em si. Inconformado, sem se poupar, a dar tudo até ao último minuto. Portugal (2-1) entrou nos descontos a perder com o Egito, graças ao golo de Mohamed Salah no início do segundo tempo, e foi um bis do capitão português, aos noventa e dois e noventa e quatro, a dar a volta ao marcador.
Já se sabe que os amigáveis não puxam carroça com a nossa seleção. É necessária a pressão do resultado necessário para esta equipa manter o foco, com a honrosa exceção da estrela do Real Madrid, que não gosta de perder nem a feijões, seja contra que adversário for. Insistiu em ficar em campo até ao fim porque acreditava que ainda podia inverter a situação.
Ausências que pesam
Fernando Santos insistiu que não estava em fase de audições e que o elenco está praticamente fechado. O que ele precisava era de perceber as interações entre jogadores menos habituados a integrar o grupo. Num contexto em que pudesse testar possíveis alternativas às ausências que se conhecem. O que ficou evidente? Pepe faz diferença na defesa. Não é novidade. Mesmo com a idade a avançar ele tem uma capacidade de raciocínio que compensa a menor mobilidade. José Fonte tem a experiência e até a calma, mas não o mesmo discernimento. Rolando, o central fixo nos dois jogos de preparação, não está, nem de perto nem de longe ao mesmo nível. Frente ao Egito, o selecionador optou por utilizar Rúben Neves como médio defensivo, ao lado de João Moutinho. Sem rotinas, a dupla não impressionou, e sentiu-se a falta da presença física que tanto Danilo como William Carvalho acrescentam à posição.
No jogo com os holandeses, Fernando Santos abdicou de um trinco de raiz e acrescentou homens ao meio campo. Faltou intensidade tanto a Adrien como a André Gomes, o que não estranha visto que ambos têm jogado pouco, e Bruno Fernandes ficou dividido entre ajudar os companheiros do meio-campo ou avançar para servir de apoio à frente de ataque. Em contrapartida, Wijnaldum brilhava no meio-campo da Holanda, uma formação a que Koeman conseguiu dar uma organização muito clara. Portugal, com apenas dois jogadores que se mantiveram no onze do primeiro jogo – Rolando e Cristiano Ronaldo – andava à deriva, recriava-se com a bola nos pés enquanto tentava perceber as dinâmicas no relvado. Uma perda de bola na zona central levou ao primeiro golo de Memphis Depay. E os holandeses podiam reforçar a tática: concentração defensiva, abdicar da posse de bola e procurar oportunidades de contra-ataque.

O selecionador tem razão: também se aprende muito pela negativa.
Reação interrompida pela inferioridade numérica
Portugal saiu dos balneários com outro estado de espírito, a que não são alheias as entradas de André Silva (troca com André Gomes) e Gonçalo Guedes (saída de Adrien) e a mudança para um 4x4x2 mais habitual na seleção das Quinas. Em cinco minutos, Portugal criou mais perigo do que nos quarenta e cinco anteriores. Quaresma e André Silva puderam a defesa holandesa em sentido mas a bola não entrou e o feito foi esmorecendo. Aos sessenta e um a partida ficou sentenciada com a expulsão, com segundo amarelo de João Cancelo. A jogar com menos um o encontro transformou-se numa dança de salão. A Holanda estava satisfeita com o resultado geriu a vantagem. Portugal queria mais mas se já estava complicado reverter três golos contra pior ficou em inferioridade numérica. Cillessen ainda teve que mostrar serviço, nos minutos finais.
Boas Apostas!
Escrito por Justa Barbosa 27 Março 2018