As camisolas da seleção italiana impõem respeito em qualquer Mundial ou Europeu. São quatro títulos mundiais e um europeu a vestir de azul, uma equipa que nas últimas quatro edições desta prova jogou, por duas vezes, a final. No entanto, Antonio Conte considera a sua equipa uma outsider no Euro 2016. De saída para o Chelsea, onde se apresentará para liderar a reconstrução do projeto dos Blues de Abrahmovich, Conte cumprirá apenas um ciclo à frente da seleção. Será que, apesar do discurso cauteloso, haverá espaço para um resultado memorável?

Um mau momento

Antonio Conte Itália

Conte só tem esta oportunidade para levar a Itália ao sucesso

Olha-se para o plantel à disposição de Antonio Conte e, de facto, não se vê talento suficiente para imaginar um forte candidato ao título europeu. A equipa tem muita experiência, em jogadores como Buffon, Chiellini ou Thiago Motta, mas apresenta muitas lacunas. Uma delas, como refere Luís Freitas Lobo, é a casa tática de Andrea Pirlo, que saiu para o New York City e encerrou a sua carreira internacional. O estilo de jogo do ex-jogador da Juventus deixa a equipa orfã de um pensador a partir das linhas recuadas, com Thiago Motta a poder ser o elemento que o substitui, mais presente numa dimensão física do que criativa.

Depois é bom assinalar que falta à Itália soluções a nível ofensivo, sobretudo para o corredor central, onde jogadores como Simone Zaza ou Graziano Pellè ficaram aquém das expetativas em termos de prestação durante a época. Antonio Conte será sensível a esta questão, procurando no mais experiente Éder o apoio para Pellè na frente de ataque que terá, obrigatoriamente, de marcar golos. De fora ficou Giovinco, dos Toronto FC, a fazer uma grande temporada na equipa canadiana, confirmando-se como um dos melhores avançados italianos do momento, mas numa Liga que Conte decidiu ignorar.

Sem juventude, não há futuro

Marco Verratti Itália

Verratti é a grande ausência nos convocados de Conte

Mesmo de saída para o Chelsea, onde Conte procurará, de regresso ao futebol de clubes, inspirar a sua filosofia que vem já daquilo que foi enquanto jogador, o técnico não deixa de colocar o dedo na ferida da seleção italiana. Neste momento, segundo o próprio, não há jovens para renovar os quadros da equipa. Federico Bernardeschi, com 22 anos, Stephan El Shaarawy, Stefano Sturaro e Mattia de Sciglio, com 23 anos, são os elementos mais jovens dos 23 escolhidos, nenhum deles pronto a assumir grandes responsabilidades na equipa.

A lesão de Marco Verratti impede-o de demonstrar a sua evolução no quadro de uma grande competição internacional. Para Antonio Conte, Verratti é o melhor jogador da sua geração, tendo feito uma temporada onde cresceu e ganhou mais experiência no Paris SG. No entanto, a situação da formação em Itália é um problema crescente para Conte, que sublinha o facto de poder vir a ser cada vez mais difícil ter uma equipa forte.

A mentalidade e o ambiente

Apesar de todos os problemas assinalados e da clara baixa de expetativas imposta por Antonio Conte, a Itália continua a ser a Itália, sendo que as camisolas também jogam. Nesse aspeto, será importante valorizar a mentalidade de uma seleção que não expõe laivos de brilhantismo, mas que tende a ser bastante eficaz na forma de se apresentar a jogo. Por outro lado, terá a seu favor o facto de, no grupo, como reconhece o treinador, o ambiente é muito positivo, o que poderá ser fundamental numa prova de intensidade como é um Euro.

O primeiro jogo será, neste quadro, um teste de nível muito alto à equipa italiana, perante uma Bélgica que se apresenta como uma das favoritas, com uma geração muito talentosa, mas também muitas lesões na sua defesa. Entrar bem, sabe-o Conte, poderá ser o clique necessário para transformar a sua Itália numa verdadeira ameaça à concorrência.

Boas Apostas!