Começa amanhã a Taça Asiática 2015, prova que reunirá na Austrália os melhores conjuntos daquele continente. Numa prova dominada pelo Japão, num passado recente, com a conquista de três edições das quatro disputadas desde o ano 2000, esse ascendente poderá encontrar forte resistência este ano.

Não só pesará o facto de a Austrália jogar em casa, sendo que os Socceroos se vêm apresentando como uma força cada vez maior na Confederação Asiática, como também o momento de seleções como a Coreia do Sul, que não vence esta prova desde 1960, ou o Irão, que depois de ser uma das agradáveis surpresas no Mundial de 2014 se apresenta como um outsider na busca do título. Fora da agenda não estará uma surpresa como a que aconteceu com o Iraque, em 2007.

Austrália e Coreia do Sul em encontro de favoritos

Leckie Australia

Leckie foi sensação no último Mundial

O Grupo A fica marcado pela presença de dois dos favoritos à vitória final na prova. Os australianos deixaram o Mundial com excelente impressão e atacam esta prova com todos os seus melhores jogadores disponíveis. Se por um lado terá em Jedinak e em Tim Cahill as suas principais referências, esta prova é também mais uma oportunidade para assistirmos ao talento de Bresciano e Leckie, que apesar de boas prestações no Mundial continuaram as suas carreiras longe dos holofotes da fama.

A Coreia do Sul tentará estragar a festa dos organizadores, havendo a expetativa de ver um conjunto mais próximo dos seus valores do que aquilo que mostrou no Mundial. O atacante Son e o médio Ki são os dois elementos mais conhecidos do onze, mas espera-se velocidade e qualidade técnica na abordagem das partidas. Koweit e Omã parecem condenados a cumprir calendário, já que o sorteio lhes deixou poucas perspetivas de seguir em frente.

Equilíbrio em busca de surpresa

Djeparov Usbequistão

Djeparov é o capitão usbeque

O Grupo B poderá ser o mais disputado desta primeira fase, já que reúne três equipas que num passado recente chegaram a disputar o Mundial e ainda o Usbequistão, equipa com alguma base futebolística europeia e que tem andado na disputa para chegar ao topo do futebol asiático. A China tem vivido alguns anos de crise ao nível da sua seleção, mas a competitividade do seu campeonato e um técnico como Alain Perrin poderão colocá-la na frente dos prognósticos para esta Grupo.

Já a Arábia Saudita e a Coreia do Norte buscam reencontrar algum do perfume do sucesso que tocou as suas equipas no passado, com os norte-coreanos a terem ainda no seu plantel alguns dos jogadores que passaram pelo Mundial de 2010. Os usbeques merecem, no entanto, a nossa atenção, pela capacidade de controlar o jogo, um valor que poderá ser fundamental neste grupo. Com o “velho” Djeparov a liderar as tropas, ambicionam a aparecer como um dos concorrentes dos quartos-de-final.

Carlos Queiroz com o vento a favor

Carlos Queiroz Irão

Queiroz pode sonhar alto

O Irão sentirá ter o vento a seu favor, se olharmos ao sorteio desta fase de grupos. Depois de ter feito sensação no Mundial do Brasil, o técnico português regressa com a sua talentosa armada onde pontificam Nekoum, Reza ou Dejagah, assumindo-se como natural favorito a vencer o Grupo C e esperançoso em aproveitar esse balanço para se poder “atirar” a outros objetivos.

As restantes três equipas do grupo dividem a ambição ao segundo lugar entre si. Os Emirados Árabes Unidos venceram a Taça do Golfo em 2014 e apresentam a dupla de avançados Mabkhout e Abulrahman como principais ameaças. O Bahrain pode ter um conjunto mais desconhecido, mas tem surgido, muitas vezes, em etapas adiantadas das competições. Ainda assim, o Qatar é a seleção que mais atenção atrai, até porque se vai esperando que este país comece a apresentar resultados antes de organizar o Mundial em 2022. Até lá, nota-se o facto de a maioria do plantel ter, de facto, nascido no Qatar.

O Japão e o perfume do Médio Oriente

Honda Japão

Honda é um dos mais conceituados nomes em prova

O Grupo D poderá ser aquele que melhores partidas nos reserva nesta fase de grupos. Para começar, conta com o Japão, nação que melhor tem interpretado a cartilha brasileira no oriente. Jogadores como Honda ou Kagawa são, por estes dias, autênticas referências no futebol europeu e com Javier Aguirre no banco, será de esperar uma proposta ofensiva e atraente do conjunto nipónico.

Como adversários, três pérolas do Médio Oriente. O Iraque foi campeão em 2007, num momento em que o país atravessava um tal caos que vários dos seus jogadores não tinham sequer clube. Younis Mahmoud, herói desse ano, ainda é a principal referência dentro de campo. A Jordânia, orientada pelo inglês Ray Wilkins, tem em Deeb o seu nome com maior currículo, surgindo a Palestina, que fará a sua estreia na Taça Asiática este ano, como a atração da prova, não só pelo significado político deste crescimento enquanto nação futebolística, como pelo facto de apresentar um grupo onde a grande maioria dos futebolistas estão ainda por “descobrir”.