Pode gabar-se de ter feito a Luz exultar mal se estreou com a camisola do Benfica, cortesia de um pormenor de fino recorte técnico que constituiu um ato premonitório quanto ao que se avizinhava no primeiro jogo oficial em território português. O chapéu sobre um adversário arouquense foi a primeira ação do brasileiro num jogo em que o debut acabaria coroado com um golo.

Reforço garantido já depois do fecho do mercado em função de ter chegado a acordo para rescisão de contrato sobre a deadline, gerou expectativa pelos bons números apresentados, demarcando-se do estatuto de dispensado do Valência. A sua saída fez parte da revolução que está a ser operada no clube Ché, e embora a situação entre Peter Lim e o Bankia ainda não tenha sido desbloqueada, a transferência de Rodrigo e a afirmação do jovem Paco Alcácer – internacional pela principal seleção espanhola – são marcas de uma renovação também de índole geracional em marcha, e simultaneamente, fatores que justificam a saída de Jonas.

O Início

Jonas no Grémio

Começou no Guarani, passou pelo Santos, mas foi no Grémio que Jonas explodiu

Tem nome de profeta, mas dentro de campo, a alcunha de matador assenta-lhe melhor. No entanto, para criar identidade na Luz, Jonas terá que demarcar-se destas duas designações: profeta é indissociável de Isaías, e por matador vários jogadores na história do clube também responderão, estando no caso dos atletas estrangeiros confinado a Óscar Cardozo.

Iniciou percurso profissional no Guarani, no estado de São Paulo, de onde é natural. Passou para o Santos, emblema de maior expressão, e também se notabilizou, mas foi quando rumou a sul que mais marcou. Tanto no sentido figurado, como a nível prático. No Rio Grande do Sul, ao serviço do Grémio, conquistou o posto de quinto máximo goleador da história do clube, com 78 golos. O percurso de Jonas pelo imortal tricolor do pampas não foi sempre de sucesso, rumando à Portuguesa em 2008. Porém, a melhor fase da sua carreira de azul, preto e branco ao peito estava para vir: No regresso, sagrou-se melhor marcador do Campeonato Gaúcho e do Brasileirão, e conquistou o troféu estadual. Os 23 golos apontados permitiram-lhe carimbar passaporte para o norte de Espanha, com destino a Valência, no ano de 2011.

Chegada Tardia

O tão desejado salto teve lugar extremamente tarde na carreira de Jonas.

Na chegada à Europa, o avançado brasileiro já contava 27 primaveras, algo pouco comum aquando do recrutamento de um jogador sul-americano para a primeira aventura no Velho Continente. A primeira temporada no Valência foi bem modesta, contabilizando cerca de apenas 900 minutos. Na época seguinte, a realidade foi completamente diferente: atuou em 54 jogos, perfazendo um total de cerca de 3 500 minutos, marcou 19 golos, e deu 12 a marcar. A regularidade em termos estatísticos manteve-se nas duas épocas seguintes, concluindo a sua passagem por Valência com um total de 52 golos oficiais. Importa também salientar o número de assistências: 23, números dignos de um… 9,5.

9,5 à Velocidade da Luz

Jonas no Valencia

Já chegou tarde à Europa, tinha 27 anos, mas chegou ao Valencia, viu e venceu

Além de ser seu o estatuto de quinto máximo goleador da história do Grémio, Jonas tem o seu nome inscrito nos compêndios do futebol por outra razão: marcou o segundo golo mais rápido da história da Liga dos Campeões. Aos 10,6 segundos, colocou o Valência em vantagem frente ao Bayer Leverkusen, não conseguindo no entanto bater a marca de Roy Makaay ao serviço do Bayern de Munique.

Na Luz, Jesus terá dado ordens expressas para a sua contratação atendendo não só à oportunidade de negócio, mas também evidentemente às características do internacional brasileiro. Embora possa jogar sozinho na frente de ataque, Jonas é ótimo nas costas de uma referência mais fixa. Encaixa no perfil ideal para a posição 9,5, que Jesus quis que fosse de Djuricic. Também tem sido recorrente ver Talisca pisar aqueles terrenos, e de certo que acontecerá em mais ocasiões, até por causa da ausência de Jonas no que diz respeito às competições europeias.

Elegância

O aspeto franzino, o estilo ágil e a deslocação elegante ilustram o estilo de jogador que Jonas assume. Não é especialmente dotado fisicamente, mas colmata perfeitamente esse aspeto com uma noção perfeita da sua função em campo e um assinalável espírito solidário. Muito trabalhador, está em constante movimento.

Na Covilhã, brilhou ao assinar um hat-trick e foi comum vê-lo baixar a linha de meio-campo para ajudar na recuperação/saída.

Trata bem a bola. Sabe pensar o jogo, e isso é notório no compromisso assumido. Forte no capítulo da finalização, destaca-se pela eficácia. Aos 30 anos, encaixa no Benfica de JJ que nem uma luva e vem acrescentar algo de que o plantel carecia atendendo à saída de Rodrigo. A manter os níveis atuais, e considerando a crise para o centro de ataque da seleção brasileira, Dunga certamente não tardará a equacionar a sua chamada.

Ficha Técnica

Nome completo: Jonas Gonçalves Oliveira

Data de nascimento: 01/04/1984, Bebedouro, São Paulo

Nacionalidade: Brasileira/Italiana

Posição: Avançado

Pé: Destro

Percurso: Guarani, Santos, Grémio, Portuguesa, Valência, Benfica.

Boas Apostas!