Benfica e Porto não dão muito espaço para que a discussão saia do universo destes dois clubes, quando se pensa na luta pela liderança na Liga NOS. Se os encarnados deixaram pouco espaço para surpresas, ao encostar o Nacional às cordas com uma primeira parte dominadora, o Futebol Clube do Porto não ficou para trás e goleou o Estoril. A caminhada continua a fazer-se a dois.

Golos, assobios e teoria dos comportamentos

Jonas Benfica

Jonas festeja mais um golo

O primeiro ponto que há a fazer em relação ao jogo de sábado é que a equipa do Nacional da Madeira não chegou a entrar em campo. Pelo menos, na primeira hora de jogo, não houve nunca Nacional. Isso não se deve a qualquer tipo de gestão de forma com vista ao jogo da Taça de Portugal. É preciso dizer que, se o Nacional da Madeira ficou de fora deste jogo, foi porque o Benfica foi tão dominador que não tolerou a presença de outra em equipa em campo.

Foi neste ritmo que o Benfica chegou ao 2-0 aos trinta minutos, sendo que poderia ter, facilmente, atingido o intervalo a ganhar por quatro golos de diferença. Com uma segunda parte em que o seu adversário continuou incapaz de criar perigo, o Benfica entregou-se à gestão do resultado, já depois de Jonas ter marcado o terceiro golo da tarde. As saídas do brasileiro, com Talisca a entrar para o seu lugar e de Pizzi, com Rúben Amorim a assumir a estabilização do meio-campo acabaram por congelar o jogo de uma forma que alguns adeptos acharam inaceitável.

É bom lembrar que, quando chegou ao Benfica, Jorge Jesus habituou-nos a fazer do Benfica uma dessas equipas que nunca está satisfeita com um resultado, mesmo quando ele já atinge números indubitáveis. Quando o Estádio da Luz assobia uma equipa que vai ganhando por 3-0, quer isso mesmo. O bilhete não é comprado para atingir a vitória, sim, para ver o máximo de golos e espetáculo possível.

No entanto, o próprio técnico sabe que não será por marcar mais golos que a sua equipa estará melhor preparada para o desafio que realmente decidirá a forma como olharemos, historicamente, para esta Liga, o encontro com o Porto. Ao descansar alguns dos jogadores que têm sido mais importantes nesta caminhada, o treinador dos encarnados reconhece que a sua equipa está tão bem que pode resolver qualquer jogo com meia-hora para jogar. É altura de quem quiser ser campeão ter o entendimento disso mesmo.

Queremos paz, oferecemos golos

Quaresma FC Porto

Quaresma foi decisivo

O FC Porto recebia o Estoril numa situação bem diferente. Chegado de uma eliminação na Taça da Liga, na Madeira, num jogo em que as opções de Julen Lopetegui voltaram a ser questionadas, a partida desta segunda-feira tinha que se transformar num pedido de desculpas do plantel para com os adeptos, “puxando-os” para os apoiarem nas lutas enormes que se aproximam. O resultado final demonstra que o objetivo terá sido atingido.

Uma vez mais, vimos um Estoril algo descaracterizado perante a ideia de jogo que o tornou numa das equipas de referência do futebol português nas últimas temporadas. Sem um criador de jogo no meio-campo, os Canarinhos ofereceram-se aos Dragões, criando-lhes dificuldades na aproximação à área, mas acabando por ceder ao passar da meia-hora. Óliver abriu o ativo, Aboubakar marcou ainda antes do intervalo e a vitória estava garantida.

Ao contrário do Benfica, no entanto, o FC Porto não podia parar. Mesmo sem necessitar de acelerar, os Dragões nunca perderam a referência da baliza adversária e, em gestão de esforço, voltaram a marcar por duas vezes, alcançando um resultado gordo que deixou os seus adeptos satisfeitos até ao apito final.

Não se pense porém que a diferença de leis de gestão do golo apresentadas por Benfica e Porto nos dão algum tipo de pista sobre o que esperar para confronto entre as duas equipas, mais tarde, este mês. Dizem-nos, isso sim, bastante sobre a forma como cada um dos conjuntos tem de dialogar com os seus adeptos em momentos decisivos da temporada.