Premier League – Chamem-lhe ironia das ironias, o que vai acontecendo ao Arsenal na presente temporada. Depois de ter feito um forte investimento na contratação de Ozil e de ter vivido, durante semanas, na frente da Liga Inglesa, os Gunners veem-se agora na iminência de poder ficar de fora da Liga dos Campeões, sem direito a entrada direta nem presença no playoff. Com uma pesada derrota na deslocação ao terreno do Everton, o Arsenal torna-se um caso de estudo sobre o que pode correr mal quando tentamos fazer todas as coisas certas.

Arsène Wenger trouxe para Inglaterra, em 1996, um conjunto de hábitos que prometeram – e alcançaram – uma revolução na Premier League, sendo o francês um dos grandes responsáveis por ali se jogar a competição que mais atenção atrai em todo o mundo. Mas se os seus métodos não demoraram muito tempo a dar resultados, a verdade é que passaram já quase dez anos do último título conquistado. Durante este tempo, muitos culparam a falta de investimento na equipa, mas os Gunners sempre foram capazes de comprar barato, como nos casos de Fàbregas ou Van Persie, e vender caro. Era preciso ter uma atitude mais impactante no mercado e a compra de Ozil, no início desta temporada, dava o sinal necessário para termos o Arsenal de volta aos bons velhos tempos.

arsene wenger

Wenger parece dançar sozinho.

Nada de mais errado. Afinal, o Arsenal parece começar a cair onde não esteve na última década, podendo estar perante um ano sem Liga dos Campeões. Na partida de ontem, frente ao Everton, sentiram-se todos os sinais de desconexão entre técnico e jogadores, numa altura em que também algumas lesões – com a de Ozil à cabeça – a verem a sua veracidade questionada. O calendário do Arsenal, que ainda está na Taça de Inglaterra, não tem mais adversários complicados até final da temporada, mas os Gunners sentiram dificuldades para pontuar com o Swansea e, se se confirmar a ida a Wembley, poderá lançar-se a questão sobre a que competição dar maior relevo. Esquecer o dinheiro da Liga dos Campeões, é algo que na Administração ninguém poderá aceitar. Logo, haverá pressão.

E se o Everton terminar em quarto lugar?

Pode o sucesso de uma equipa ser uma má notícia para o seu anterior treinador. Sim, se esse for o caso de David Moyes, que depois de ter liderado o Everton até perto dos grandes do futebol inglês, sofre agora de contestação no Manchester United. Se o Everton conseguir, agora, marcar presença no playoff da Liga dos Campeões, bem se poderá questionar se os feitos de Moyes terão sido assim tão de exceção. Com Roberto Martínez a transformar os Toffees num conjunto ainda mais competitivo e com uma capacidade de prender a atenção ao mais exigente dos estetas, o Everton começou este domingo a fazer algo que não tinha ainda conseguido nesta temporada – derrotar um dos classificados nos primeiros quatro lugares. Poderá começar aqui o momento da mudança na equipa de Liverpool, que ao mesmo tempo, aproveita as fragilidades do Manchester United de David Moyes para elaborar uma candidatura à Liga dos Campeões num ano em que um dos candidatos residentes já não alimenta grandes pretensões ao lugar.

Boas apostas!