“Together Stronger”. Ao som de Manic Street Preachers, o rock and roll galês continua a ouvir-se em solo gaulês, cortesia de um dragão combativo que está a surpreender a Europa e faz jus à letra interpretada por James Dean Bradfield. A seleção britânica é a última barreira que Portugal precisa de transpor a caminho da final.

Contra toda e qualquer expectativa, o País de Gales está entre os quatro finalistas do Euro 2016, competição que assinala o regresso a uma fase final após 58 anos de ausência. Chris Coleman tem às suas ordens uma geração talentosa, dotada de um espírito combativo sem paralelo neste campeonato da Europa. Feliz na qualidade da matéria-prima de que dispõe para trabalhar, o selecionador foi suficientemente sagaz para explorar da melhor maneira o potencial que tem em mãos, construindo um sistema que neste campeonato da Europa tem vingado. Impondo-se defensivamente através de um 5x3x2 que coloca muitos problemas aos ataques contrários, beneficia do desdobramento de Taylor e Gunter em momento ofensivo para evoluir no sentido de um 3x5x2. É esta inteligência/capacidade tática que distancia o País de Gales das restantes seleções britânicas que estiveram a concurso, embora o traço daquele futebol seja indelével, expressando-se na verticalidade da equipa e na agressividade que incute na abordagem ao jogo.

Sobreviver sem Ramsey

Foto: "Darren Staples/Reuters"

Foto: “Darren Staples/Reuters”

Na hierarquia mediática da seleção galesa, Aaron Ramsey surge imediatamente a seguir a Gareth Bale. O médio do Arsenal tem desempenhado um papel preponderante no esquema galês, mas está impedido de defrontar a congénere portuguesa devido a castigo. A ausência de Ramsey poderá promover alterações na forma de atuar do conjunto britânico, privado de um médio que tem sido determinante ao longo da atual campanha ao rubricar uma prestação em crescendo. Liga setores, apoia o ataque, aparece frequentemente em zonas de finalização e tem o perfil ideal para conferir maior verticalidade num meio-campo a três, acompanhado pelos dois “Joe’s”: Ledley e Allen. Andy King ou Jonatham Williams são os principais candidatos a assumir a vaga deixada por Ramsey, mas o meio-campo ficará naturalmente descaraterizado face aquilo que foi até à data. Em função da ausência de Ramsey, o jogo do País de Gales sofrerá alterações, até porque a natureza dos três médios – considerando a possibilidade Andy King – é de maior contenção. Uma coisa é certa: Sem Ramsey, o ataque perde uma “bengala” importante, um elemento irreverente que mais do que a função de “10” que carrega nas costas, assumindo as despesas do jogo num registo mais próximo daquilo que se pede a um “8”. Perante este cenário, Chris Coleman terá que procurar munir a equipa de outro tipo de solução, na tentativa de ligar o setor intermediário com o ataque. Nesta equação, o recurso a Gareth Bale poderá ser uma das soluções, atleta capaz de incutir muita velocidade nas ações galesas que, quando embalado, é muito difícil de travar. Na frente, como de costume, a solução residirá em Robson-Kanu – grande movimento no golo que apontou à Bélgica – ou em Vokes, que também marcou diante do conjunto às ordens de Wilmots. Face a esta conjuntura, a seleção do País de Gales a uma ligeira inflexão do estilo que apresentou até aqui. É expectável que opte por uma estratégia mais prudente, procurando aproveitar o avançar do relógio para se evidenciar, tal como aconteceu no encontro com a Bélgica. Com o País de Gales, não há tempos mortos.

Ben Davies “out”

Tal como Ramsey, Ben Davies também viu o segundo amarelo neste campeonato da Europa frente à Bélgica e está impedido de defrontar Portugal. O principal rosto da liderança galesa a partir de trás é o do capitão Ashley Williams mas, em termos práticos, o contributo dado por Ben Davies a esse nível também não pode ser desconsiderado. Embora jogue sobretudo pela lateral no Tottenham, Davies tem sido utilizado por Coleman no centro da defesa durante este campeonato da Europa, numa linha de três partilhada com Williams e Chester – este último, poderá ser “desviado” em função da ausência de Davies, que provavelmente será substituído por Collins.

Boas Apostas!